Reunidos no Rio de Janeiro nesta quinta-feira(07-12) para a 63ª Cúpula do Mercosul (Mercado Comum do Sul), os presidentes do Brasil (Luiz Inácio Lula da Silva), Argentina (Alberto Fernández), Paraguai (Santiago Peña), Uruguai (Luis Alberto Lacalle Pou) e Bolívia (Luis Arce) oficializaram a entrada da Bolívia no Bloco, além de assinarem outros tratados internacionais importantes para as relações comerciais, incluindo Singapura. O encontro é realizado em um momento de reveses no acordo de livre-comércio do bloco com a União Europeia e de tensão com a escalada na disputa territorial entre Venezuela e Guiana.
O acordo comercial assinado com Singapura primeiro é o primeiro do bloco com um país da Ásia.Segundo o Itamaraty, o acordo pode representar incremento de R$ 28 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2041, além do aumento de R$ 49,1 bilhões no fluxo comercial.”Singapura é o principal destino das exportações brasileiras de óleos combustíveis, o quinto principal destino dos embarques de carne suína, o sexto para as vendas de ferro-gusa/spiegel e ferros ligas e o sétimo para óleos brutos de petróleo”, afirma o governo.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, há também diálogos iniciados com El Salvador e República Dominicana para que, mais adiante, possam ser iniciadas oficialmente as negociações relacionadas ao eventual fechamento e acordos comerciais com esses países.
ACORDO UNIÃO EUROPEIA
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou durante o encontro que houve avanços importantes nas negociações do Mercosul para oficializar o tratado com a União Europeia. “Destaco os compromissos de ambos os lados em prol de um entendimento equilibrado, no futuro próximo, e a partir das bases sólidas que construímos nos últimos meses de engajamento intenso”, ressaltou.
Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse esperar que o acordo seja assinado “muito em breve”. Em encontro de ministros do bloco sul-americano, o chanceler frisou que o tratado tem “dimensão estratégica inequívoca” para o Mercosul. Nas palavras dele, será um ponto de inflexão na dinâmica econômica das duas regiões.
VENEZUELA – GUIANA
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tem acompanhado com preocupação a tensão entre a Venezuela e a Guiana. “Não queremos guerra na América do Sul”, disse o chefe do Executivo brasileiro. Lula propôs uma declaração conjunta dos membros do Mercosul destacando que o bloco não pode ficar “alheio” diante da situação.
“Caso considerado útil, o Brasil e o Itamaraty estarão à disposição para sediar qualquer e quantas reuniões forem necessárias. Nós vamos tratar com muito carinho. Porque uma coisa que nós não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflitos. O que nós precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver os nossos países”, acrescentou.
ACORDO COM A CHINA
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Omar Paganini, por sua vez , sugeriu que o Mercosul deve avançar no diálogo com a China ou abrir caminho para um acordo bilateral que também poderá “servir” ao conjunto dos sul-americanos. O chanceler aproveitou a Cúpula do Rio de Janeiro para reforçar a cobrança por maior abertura que marcou o encontro de Puerto Iguazú, Argentina, no meio do ano, quando Montevidéu ficou fora da declaração final.
“Como já afirmamos várias vezes, é essencial que o Uruguai aceite o acesso preferencial às economias mais dinâmicas do mundo”, destacou o chanceler ao afirmar que o Mercosul perdeu espaço com o avanço dos acordos bilaterais pelo mundo. “Dissemos, e o nosso presidente (Luis Lacalle Pou) reiterou, que queremos todo o Mercosul com a China, mas se o Uruguai puder avançar primeiro, acreditamos que também serve ao conjunto”, acrescentou.
O encontro no Brasil encerrou a presidência pró-tempore do Brasil no bloco , e o Paraguai assumirá pelo próximo semestre.
* Em 07- 12- 23* Foto: ( Divulgação).