Favorito à Presidência do Uruguai quer frear acordo com China e focar Mercosul

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Dependendo do resultado, as eleições do Uruguai no próximo dia 27 de novembro, podem tirar uma pedra do sapato do Brasil no Mercosul. O favorito nas pesquisas quer frear as tentativas de Montevidéu de um acordo de livre comércio com a China por fora do bloco.
Yamandú Orsi, 57 anos, candidato da Frente Ampla e pupilo do ex-presidente José “Pepe” Mujica, quer pleitear acordos como este, mas por meio do bloco sul-americano, segundo disse à imprensa brasileira um dos principais formuladores dessa aliança de partidos de esquerda e centro-esquerda, Álvaro Padrón.

“Queremos um Mercosul que negocie, mas em bloco. Essa é nossa diferença”, afirma ele na sede da Frente Ampla no centro de Montevidéu. “Também precisamos de um Mercosul que consiga acordos, não um bloco ensimesmado.”

O atual governo uruguaio, de Luis Lacalle Pou (Partido Nacional), levou à mesa de debate o aviso de que a demora do bloco em fechar acordos faria o Uruguai fechar bilateralmente um acordo de livre comércio com Pequim. O tema gerou atrito com o Itamaraty, que afirmou que isso seria “a destruição do Mercosul”.

Em agosto, Lacalle Pou recebeu em Montevidéu uma delegação de alto nível da China, liderada por Liu Jianchao, chefe de relações internacionais do Partido Comunista Chinês, para tratar do assunto. Pequim e Brasília são os dois principais parceiros comerciais uruguaios.

A proposta de Yamandú Orsi, um professor de história e ex-prefeito de Canelones, nos arredores da capital, vai em certa medida na contramão do nome que o enfrenta nas urnas. O governista Álvaro Delgado, 55 anos, do Partido Nacional, ex-secretário da Presidência na gestão de Lacalle Pou tem um projeto, claro, de continuidade.

Yamandú Orsi aparece na liderança das pesquisas, mas a disputa promete ser acirrada: é o momento em que tradicionalmente se unem os votos da chamada Coalizão Republicana (que une Partidos Nacional e Colorado e siglas menores como o Cabildo Aberto).

Embora tenha preferência para voltar ao poder após cinco anos de centro-direita na Presidência, a Frente Ampla sabe que nada está ganho. Neste terceiro mandato, o presidente Lula (PT) teve boa relação com Lacalle Pou e saíram do papel projetos como a binacionalização do aeroporto de Rivera, na fronteira com o Brasil.

Analistas políticos observam que seja quem for o futuro presidente do Uruguai, terá de lidar com um Mercosul que enfrenta as tentativas da Argentina de travar qualquer debate no bloco sobre combate a desigualdades sociais, algo que antes era quase uma linha de consenso. ( Com informações Folha Press) – Novembro 2024.

Foto : Yamandú Orsi, do grupo político do ex-presidente Mujica, enfrenta Álvaro Delgado, apoiado pelo presidente Lacalle Pou ( Divulgação – Reuters).

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