O encontro das lideranças do Mercosul no inicio deste mês de julho na Argentina e que marcou o início presidência temporária rotativa do Brasil na presidência do bloco, também foi marcada pela evolução de acordos de livre comércio.
Na ocasião, foi anunciado que a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein — concluíram as negociações para um acordo comercial entre as partes. Com isso, o Brasil, integrante do bloco sul-americano, avança para mais inserção internacional, objetivando aumentar a produtividade e a competitividade de sua economia, na avaliação de consultores e especialistas da área . Há consenso de que o acordo é fundamental no processo de abertura comercial, uma demanda antiga da instituição.
As principais lideranças econômicas do centro do país defendem a abertura comercial do Brasil por entender que este é o caminho para reduzir o custo excessivo de produzir e fazer negócios no Brasil, além de promover um crescimento econômico sustentável no longo prazo.
Na avaliação da Fecomércio de São Paulo, por exemplo, com a pandemia, ficou evidente a concentração da cadeia de produção no continente asiático, o que levou a um rearranjo da produção e o surgimento de polos locais e regionais de valor. Esse movimento pode ser benéfico ao País se houver uma alteração de sua estrutura tarifária, ampliação de acordos de livre-comércio e uma agenda de reformas estruturais.
Além da redução de tarifas, o acordo inclui medidas para simplificar processos e reduzir custos no comércio exterior, como a integração de sistemas e o reconhecimento mútuo de programas de Operador Econômico Autorizado (OEA). Também prevê mais transparência nas exigências sanitárias e fitossanitárias, facilitando exportações de alimentos, como carnes. Outros capítulos tratam de serviços e investimentos, compras governamentais, propriedade intelectual — com o reconhecimento de 63 indicações geográficas — e desenvolvimento sustentável, reafirmando compromissos internacionais como o Acordo de Paris.
Consequências econômicas
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, tomando como base o ano de 2023, o acordo Mercosul–EFTA deverá gerar, até 2044, um impacto positivo de R$ 2,69 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esse efeito inclui um aumento de R$ 660 milhões em investimentos, redução no nível de preços ao consumidor, elevação dos salários reais e reflexos estimados de R$ 2,57 bilhões nas importações totais e de R$ 3,34 bilhões nas exportações totais.
Estima-se que as trocas comerciais entre o bloco e o Brasil avancem 10%. Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,09 bilhões para os países da EFTA, o que representa um crescimento de 4,6% em relação ao ano anterior. Os principais produtos enviados foram alumina — que respondeu por 38% do total — e ouro não monetário, com 31%. Embora o valor exportado ainda seja considerado modesto, há potencial de crescimento nas vendas de itens como madeira, celulose, pedras ornamentais e produtos semiacabados de ferro e aço.

Cúpula do BRICS no Brasil : Compromissos para uma governança mais inclusiva e sustentável
Também no início deste mês de julho, O Brasil ganhou destaque pelo encontro dos líderes das 11 maiores economias emergentes do mundo, que assinaram no dia 6 último, no Rio de Janeiro, a Declaração Conjunta da 17ª Cúpula do BRICS. O documento, que traz o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, sela o compromisso do grupo com o fortalecimento do multilateralismo, a defesa do direito internacional e a busca por uma ordem global mais equitativa.
A declaração reflete meses de articulação intensa, com mais de 200 reuniões e 200 novos mecanismos de cooperação criados ou fortalecidos em áreas como combate à fome, mudanças climáticas e tecnologias emergentes.
“Reafirmamos nosso compromisso com o espírito do BRICS de respeito e compreensão mútuos, igualdade soberana, solidariedade, democracia, abertura, inclusão, colaboração e consenso. Tomando por base as Cúpulas do BRICS nos últimos 17 anos, estendemos o compromisso de fortalecer a cooperação no BRICS expandido sob os três pilares de cooperação, política e de segurança; econômica e financeira; e cultural e interpessoal, bem como de aprimorar nossa parceria estratégica em benefício de nossos povos por meio da promoção da paz, de uma ordem internacional mais representativa e justa, de um sistema multilateral revigorado e reformado, do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo”, é o que diz um dos 126 compromissos assumidos pelos líderes.
Na Cúpula do BRICS, os países-membros reafirmaram também o engajamento com o multilateralismo e a defesa do direito internacional, incluindo os Propósitos e Princípios consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU). O documento declara, ainda, a busca por maior participação de países em desenvolvimento, especialmente da África, América Latina e Caribe, nos processos e estruturas decisórias globais.
Os países concordaram que, diante das realidades contemporâneas de um mundo multipolar, é fundamental que os países em desenvolvimento fortaleçam seus esforços para promover diálogo e consultas com vistas a uma governança global mais justa e equitativa e relações mutuamente benéficas entre as nações.
“Reconhecemos que a multipolaridade pode ampliar as oportunidades para que os Países em Desenvolvimento e Mercados Emergentes (PDME) desenvolvam seu potencial construtivo e se beneficiem de uma globalização e cooperação econômicas universalmente vantajosas, inclusivas e equitativas. Destacamos a importância do Sul Global como motor de mudanças positivas, especialmente diante de significativos desafios internacionais, incluindo o agravamento das tensões geopolíticas, a desaceleração econômica e transformações tecnológicas aceleradas, medidas protecionistas e desafios migratórios.”
Mudança do Clima
Em preparação para a COP30, que também acontece sob liderança brasileira em novembro, os países reconheceram o Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF) como um mecanismo inovador para mobilizar financiamento de longo prazo para a conservação das florestas tropicais, encorajando a realização de doações ambiciosas por potenciais parceiros.
“Nossa Declaração-Marco na área de clima lança um mapa do caminho para, nos próximos cinco anos, transformar nossa capacidade de levantar recursos contra a mudança do clima. Com a escala coletiva do BRICS, lutaremos contra a crise climática deixando nossas economias mais fortes e mais justas”, pontua o documento.
*Julho 2025- ( Com informações da Fecomércio-SP e Brics Brasil 2025)
Foto : Líderes do Mercosul estiveram reunidos na Argentina e avançaram em acordo com a Associação Européia. ( Divulgação).
Foto : Reunião da Cúpula do Brics no Rio : Compromissos históricos. ( Divulgação).









